A pandemia está sendo um dos assuntos mais falados nos últimos meses, com reflexões voltadas ao seu início, cenário atual e sobre o futuro. Para evitar novas pandemias, os hábitos humanos estão entre os mais repensados, uma vez que atingiu até a cultura na questão do uso de máscaras — algo tão comum em países Asiáticos, mas que precisou de um processo de adaptação em nosso país. Não só isso, mas a nossa relação com os animais está sendo avaliada por muitos especialistas.
Uma zoonose
O surto da Covid-19 é reconhecido como uma zoonose: um vírus que se originou em um animal e evoluiu até ser capaz de infectar humanos. Não há conclusões concretas de quem foi a primeira pessoa que teve o contato com o hospedeiro. Mas ao que tudo indica, o surto teve início em um mercado de animais silvestres na China. O local em si não havia regras sanitárias, e contava com animais vendidos vivos e mortos em barracas próximas uma das outras.
Uma realidade julgada por muitos no Brasil, que apesar de apresentar uma cultura diferente, também possui certas convivências exóticas com os animais, como colocar cobra em cachaça, comer javalis, jacaré, paca e cotias. Somos um país de grande biodiversidade, praticamente vivemos no quintal de diversos animais silvestres, que possui leis cada vez mais brandas.
Outrossim, especialistas não sabem como o Brasil ainda não passou por uma zoonose, e ainda apontam que somos propensos a iniciar novas pandemias em nosso país se hábitos não mudarem. Principalmente pela questão de que cerca de 556 espécies são exploradas comercialmente no país, e não são apenas animais silvestres que podem transmitir doenças, temos o caso de porcos e frangos com a gripe suína e aviária.
Dessa forma, cientistas da Universidade de Cambridge alertaram para cerca de 161 maneiras de se evitar uma nova pandemia. Estando entre a principal delas o veganismo e a proibição do comércio de animais exóticos.
Animais quem vivem em más condições
Segundo a equipe de Cambridge formada por especialistas em vida selvagem, animais que vivem em más condições de vida e de alimentação possuem mais chances de desenvolverem doenças e, futuramente, passarem para os humanos.
Isso acontece por conta da criação, transporte, comércio e consumo de carne de animais silvestres. Para eles “os seres humanos devem mudar drasticamente a maneira como interagem com os animais ou é “apenas uma questão de tempo” antes que outra pandemia abale o mundo.”.
Logo, ter uma dieta baseada em vegetais reduziria a demanda global por carne. Consequentemente, menos animais seriam criados e transportados em condições precárias, fato que contribui para a proliferação de doenças. O ideal é reduzir o contato entre animais selvagens e animais de criação ou domésticos, pois os mesmos chegam aos humanos.
“Animais selvagens não são o problema – eles não causam o surgimento de doenças. As pessoas é que o fazem. Na raiz do problema está o comportamento humano, portanto, mudar isso fornece a solução”
Referiu Andrew Cunningham, vice-diretor de ciências da Zoological Society de Londres e coautor do estudo.
Ademais, o estudo não considerou o desenvolvimento de vacinas ou outras opções de medicamentos. Além disso, a pesquisa traz propostas com bases em estudos para possíveis ações que nos previnem de estarmos em novas pandemias com a gravidade do Coronavírus. Recentemente uma nova mutação do vírus da gripe com potencial de causar uma pandemia foi identificada na China. Com evidências de infecção em pessoas que trabalhavam em matadouros e na indústria suína, deixando um alerta de mais um vírus que pode infectar os seres humanos.
Somos conectados com a natureza
Aliás, a pandemia só nos mostrou que também fazemos parte da natureza, onde 60% das doenças infecciosas nos humanos são zoonóticas. Aliás, atividades como o desmatamento e a caça que invadem habitats, contribuem para o aumento de contato com animais que podem carregam infecções.
O ser humano precisa passar a respeitar mais os animais, desde a convivência ao seu consumo. Newton dizia que “toda ação tem uma reação”, e ela se enquadra bem nesse contexto. Devemos nos atentar, principalmente na questão de vivemos em um sistema de cadeia em que o que ocorre aos animais, consequentemente, chegará ao ser humano.
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