A procura pela visualização desencadeia em muitas pessoas o sentimento de “vale tudo” com atos perigosos e irresponsáveis. Aliás, partem até para apelação com animais, onde ocorrem os crimes cibernéticos. São incontáveis vídeos e fotos presentes na rede mostrando animais de estimação. Claro, todo mundo gosta de “exibir” o animal que tem, porém, algumas ações ocorrem focando apenas nas curtidas. Ou seja, sem pensar nas consequências para o cachorro ou gato.
A relação da internet com os animais vem se tornando preocupante ao passar dos anos. Além disso, podemos destacar os inúmeros vídeos de maus-tratos compartilhados nas redes sociais.
O documentário “Don’t F**k with Cats: Uma Caçada Online” é um dos maiores exemplos. Ele apresenta um caso real de um homem que gravava vídeos cometendo atrocidades com gatos e postava nas redes sociais com o intuito de se promover.
Segundo o relatório publicado pelo Global Digital Statshot em 2019, metade da população mundial tem contas em redes sociais. A pesquisa feita pela Hootsuite em parceria com a We Are Social mostrou que são mais de 3,5 bilhões de pessoas com cadastros em alguma rede social. Ou seja, 46% da população de 7,7 bilhões de habitantes.
Resultado das ações
A busca pela popularidade já era grande, com a internet, ela partiu para um novo ambiente com maior alcance e visibilidade. Com isso, seguidores e curtidas em uma foto do facebook ou instagram, por exemplo, se tornaram prioridades na vida de muitos.
O objetivo dessas pessoas é o mesmo: audiência, que na maioria das vezes, conseguem. Quando alguém presencia um ato de crueldade com animais nas redes, compartilha o conteúdo como forma de denunciar, mas acaba contribuindo com o engajamento e aumento do alcance. Desse modo, uma ação que seria para ajudar, acaba dando voz e poder ao agressor de maus-tratos, que atinge o seu objetivo e recebe o “combustível” para continuar com a ação.
Muitas pessoas pensam que os “maus-tratos” não passam de uma “brincadeira”, como o caso do “Desafio da Farinha”, que popularizou no começo desse ano. Muitos médicos alertaram os diversos perigos, dentre eles a inalação do produto. Mas isso não impediu que a ação fosse feita em um cãozinho pela tutora que se divertiu com a situação do animal. Vídeos do desafio e outros envolvendo animais viralizaram principalmente na plataforma “TikTok”, onde o caso da farinha foi somente um, de vários outros onde a “brincadeira” passou do limite.
O que fazer em uma situação como essa?
No Brasil, crimes virtuais são qualificados da mesma forma que crimes fora da rede. Isso pelas mesmas leis e com as mesmas punições. Dados do site Safernet mostram que em 14 anos a central de denúncia recebeu e processou 269.227 denúncias anônimas de maus-tratos contra animais envolvendo 22.211 páginas (URLs) distintas (das quais 17.644 foram removidas).
Para a realização da denúncia é importante reunir o maior número de provas como prints e nomes para realizar o boletim de ocorrência. Algumas cidades do Brasil já possuem delegacias de polícia especializadas em crimes cibernéticos. As denúncias dos crimes acontecem no site Safernet ou pelo disque 100.
Outros meios convencionais já utilizados para a denúncia de crimes cibernéticos e maus-tratos também são eficientes. A situação varia de acordo com as provas coletadas. Casos que ocorrem em outros países são mais difíceis de serem resolvidos por aqui. Principalmente se a pessoa se mantém no anonimato. Sendo assim, a melhor solução é denunciar a conta diretamente para a plataforma.
A divulgação de maus-tratos na internet
A situação divide opiniões: divulgar ajuda para que o caso chegue até autoridades, ou também pode dar o “gás” que o agressor precisa para continuar com os crimes.
Muito casos chegaram até o Deputado Del. Bruno Lima através das redes sociais, mostrando o grande poder de comunicação da internet. O compartilhamento possui sim um grande papel. Porém, deve-se fazer isso com consciência para autoridades locais, avaliando se a situação compensa ser repostada e se o atuante do caso se beneficiará com isso.
Leia também: Denúncias de violência contra animais crescem 81,5% em SP
1 comentário