Conhecer uma mulher que é vítima de violência doméstica não é algo impossível. Aliás, uma pesquisa feita pelo Instituto Patrícia Galvão — a violência e o assédio contra mulheres no trabalho — mostrou que mais da metade dos entrevistados desconfiavam de que uma colega fosse vítima de algum tipo de violência.
|Saiba mais sobre a pesquisa: Estudo mostra que 76% das mulheres já sofreram violência no trabalho
Segundo a Lei Maria da Penha, qualquer mulher pode ser considerada vítima de violência doméstica e familiar. Mas isso desde que exista a convivência íntima ou doméstica. Além disso, a ação não precisa partir de um agressor que seja homem, e os casos não são apenas entre marido e mulher. Ou seja, pode ser entre patrão e empregado que convivam no mesmo ambiente doméstico e entre parentes, como mãe e filha, por exemplo.
A vítima não percebe as agressões
Mas o que fazer ao saber de uma amiga ou familiar que sofre violência doméstica?
Antes de falar com uma vítima de violência doméstica é importante entender que, às vezes, ela está passando por um momento em que se sente responsável e tenta encontrar justificativas. Aliás, nem sempre a vítima percebe as agressões.
Nós chamamos isso de ciclo da violência, que é composto por 3 fases. A repetição desse ciclo leva a mulher a acreditar que não tem o menor controle da situação, gerando o sentimento de “sem saída”.
|Leia mais sobre o ciclo em: Entendendo a Violência Doméstica
Qual atitude tomar
Sendo assim, chegar diretamente apontando a situação nem sempre é a melhor das opções, pois a tendência é que ela recuse a ajuda. Portanto, quando ainda não está muito aparente e não há riscos de algo mais grave ocorrer, a melhor escolha é alertar ela aos poucos.
Converse com a vítima sobre relacionamentos abusivos ou mostre reportagens sobre o assunto. Dessa forma, ela pode se identificar com outras histórias similares a dela. Aliás, mostrar de perto como é uma relação saudável entre casais ou familiares também ajuda.
O importante é, em hipótese alguma, julgar a vítima, pois ninguém sabe o que se passa dentro de cada relacionamento. Apontar o dedo só vai piorar ainda mais a situação.
Quando intervir?
É crucial respeitar o espaço dela, principalmente por não querer agir como o agressor dela. Entretanto, em alguns casos, é preciso intervir se a vítima estiver na iminência de uma violência física ou de um feminicídio. Ou seja, a gente pode e deve denunciar — se preferir, até mesmo de forma anônima. Aliás, procurar a polícia não serve só para responsabilizar o agressor, mas principalmente para proteger a mulher.
Além de serviços e programas especializados em violência contra mulher, é possível procurar apoio em: Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS).
Em alguns locais — como o Estado de São Paulo — é possível registrar casos de violência doméstica e familiar contra a mulher pela internet, por meio da Delegacia Eletrônica. Além de fazer o boletim, as vítimas também podem solicitar medidas protetivas sem sair de casa.
A violência contra as mulheres é um problema grave que deve ser combatido por toda a sociedade. Em média, a cada 7 horas, uma mulher é morta — essas mulheres, em sua maior parte, sofriam violência doméstica antes do ocorrido. Infelizmente, foram vítimas que viveram com medo de seus agressores e não tiveram voz, e assim se tornaram parte desta estatística. Muitas mulheres não fazem a denúncia por medo de retaliação ou impunidade: 22,1% delas recorrem à polícia, enquanto 20,8% não registram queixa. CLIQUE AQUI É LEIA A CARTILHA SOBRE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA