O mundo do entretenimento com animais é extremamente lucrativo. Segundo a Organização Mundial do Turismo, o turismo animal selvagem simboliza entre 20% e 40% do valor produzido pela indústria turística mundial anual.
Montar em elefantes, alimentar tigres e nadar com golfinhos são atividades que chamam a atenção de muita gente. São diversas as chances que o turismo animal permite para os clientes, que, muitas vezes, não conhecem a situação real dos animais que estão ali.
Segundo a ONG World Animal Protection, mais ou menos 110 milhões de pessoas no mundo visitam locais que promovem turismo cruel com animais silvestres. De acordo com o centro de pesquisa do Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford, 550.000 animais silvestres sofrem por conta de atrações turísticas irresponsáveis no mundo.
O que leva as pessoas a contribuírem com isso?
Muitas vezes, a esperança de ter contato com um animal que, se estivesse na natureza, não seria possível nem chegar perto, é o que motiva as pessoas. É provável que a maioria delas não faça isso com a intenção de contribuir para o sofrimento desses animais, mas sim por gostar muito deles. Logo, não pensam duas vezes e acabam fazendo parte disso pela “experiência única”.
Outro fator que contribui para o crescimento disso é, principalmente, a exposição nas redes sociais. A necessidade em conseguir likes em redes sociais faz com os momentos exóticos sejam cada vez mais procurados para a selfie perfeita.
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A realidade por trás dos espetáculos:
A realidade por trás dos animais como atração turística, tanto em cativeiros como em lugares abertos, são cruéis. Esses animais são caçados, confinados e forçados a se comportarem de maneira totalmente contrária aos seus instintos naturais para agradar os turistas.
A partir do momento em que as atividades envolvendo animais selvagens cruzam a linha de observação e passam para a interação, os animais são prejudicados. Apesar de não ser algo visível, os maus-tratos acontecem quando os turistas não estão por lá, já que as visitas costumam ser extremamente rápidas. Os bichos não demonstram dor como nós, então é difícil perceber nesse curto espaço de tempo se o animal está sofrendo ou não.
Um exemplo disso são os animais que estão em seu habitat natural, como os botos na Amazônia. Os responsáveis pelos passeios levam os turistas até os rios e atiçam os animais com peixes para atraí-los para perto dos barcos. Depois que os botos chegam perto, os turistas entram na água e garantem fotos e uma experiência falsamente natural. A interferência na vida desses animais é nítida, já que os botos costumam brigar entre si pela comida oferecida, causando diversas cicatrizes que são visíveis em seus corpos.
Uma coisa é realizar um passeio e observar o animal de longe, outra coisa é atraí-los com alimentos e desencadear brigas entre os mesmos.
Baleias e golfinhos:
Já os shows com baleias e golfinhos são um espetáculo do terror. Animais vivem presos em tanques minúsculos, onde não possuem o espaço necessário para se mover como deveriam e ainda acabam sofrendo maus-tratos por serem “adestrados” para o show. Durante os dias quentes, os animais sofrem queimaduras solares por não se protegerem nas profundezas dos oceanos. Além disso, os tanque tratados com cloro causam irritações de pele e olhos. Sobre tudo, esse tipo de coisa acaba encurtando a vida do animal, pois além de sofrer traumas físicos, isso acaba desencadeando traumas psicológicos também.
Elefantes:
Em países que utilizam elefantes para que os turistas possam montá-los, os animais sofrem durante os treinamentos. Além de uma jornada de trabalho extremamente cansativa, debaixo de sol escaldante, sem pausa para descanso, sem água e alimentos, os elefantes são separados de suas mães e acorrentados logo cedo, sendo acostumados a terem de 4 a 6 pessoas montando em suas costas.
Confira o relatório da World Animal Protection com as 10 atrações mais cruéis do mundo
Zoológicos e falsos santuários dizem estar envolvidos em programas de conservação e educação, o que, muitas vezes, não é verdade. Pois menos de 10% desses locais estão realmente envolvidos nessas causas.
Santuários
Antes de mais nada, devemos ter em mente que os santuários são lugares que prometem receber e cuidar dos animais que já tenham sido maltratados, abusados, negligenciados ou abandonados. Muitas vezes, os santuários acabam cuidando desses animais até o final de suas vidas, já que alguns ficam sem condições de voltar para a natureza.
Apesar do nome, alguns lugares podem facilmente te enganar. Os verdadeiros santuários não realizam apresentação ou permitem interações do público com os animais, ou seja, não visam nenhum tipo de lucro ou “doação”.
A série A Máfia dos Tigres, da Netflix, retrata bem a vida desses animais em lugares assim.
Zoológicos
Os zoológicos são espaços públicos que funcionam especificamente exibindo animais. No entanto, por trás de locais sérios, existe uma função social e ambiental com o intuito de proteger animais em extinção, possibilitando estudos e apresentando a diversidade ambiental que existe. Porém, a taxa de distúrbios de comportamentos em animais enclausurados é extremamente grande, além de existirem locais que exploram esses animais.
Dicas para evitar o turismo animal:
- Pesquise sobre os locais e tenha certeza de que exista políticas de bem-estar animal por lá.
- Prefira ver os animais livres e nunca encoste neles.
- Não alimente os animais.
- Não contribua com a compra de ingressos ou doações para shows.
- Desconfie de santuários e zoológicos.
- Não suba nos animais.
Se você possui alguma dúvida se o passeio que te oferecem durante uma viagem é de exploração animal, vale pensar em algumas questões:
- O animal está onde ele realmente deveria estar?
- Esse é realmente o habitat natural dele?
- O animal está agindo de acordo com seus instintos de natureza?
Enfim, pense nisso.
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