Antes de tomar a decisão de ter um animal silvestre de estimação é importante se informar e entender as consequências
A exploração dos animais não é algo recente em nosso país. A ação ocorre desde o momento em que os portugueses chegaram ao Brasil para colonizar (e explorar) as terras em 1500. Antes disso, os povos indígenas já usavam dos recursos da natureza, mas com respeito e consciência. Coisa que não ocorreu com a chegada dos portugueses.
Portanto, o povo europeu se encantou com o novo mundo e suas espécies desconhecidas. A posse delas significava poder, riqueza e nobreza. Ou seja, nesse período podemos citar a cultura de se vangloriar pelo “diferente” com esses bichos tão exóticos. A ganância do homem levou a captura de mais animais para a venda e compra.
Infelizmente, ainda nos dias atuais, a cultura pelo exótico persiste. Por exemplo, muitos brasileiros possuem em suas residências os papagaios que, por natureza, não viveriam em uma gaiola, mas sim, livres.
Animais silvestres de estimação
Animais silvestres são os passarinhos, papagaios, corujas, cobras, jabutis, peixes, macacos, onças e tantos outros que vivem ou foram retirados da natureza brasileira. Alguns desses, mantidos em ambiente doméstico, como animal silvestre de estimação, gerando consequências nos comportamentos e instintos naturais da espécie.
Para criar esses animais é preciso ter uma licença ambiental e um local apropriado para o convívio do bicho. Além disso, cuidados específicos com a alimentação, higiene e com o ambiente do animal. Aliás, para ter as espécies liberadas é necessário que elas estejam regulamentadas, registradas, vacinadas e em boas condições de saúde.
E, claro, a compra só pode ser feita em lojas autorizadas pelo IBAMA e regulamentadas pelo Ministério do Meio Ambiente. Além disso, os animais comprados em locais não regulamentados, em sua maior parte, acabam sendo obtidos ilegalmente pelo tráfico. Essa atitude causa inúmeras consequências como, por exemplo, doenças, desequilíbrios na natureza, morte, extinção de espécies e outros. Alias, o tráfico de animais é crime ambiental.
Por mais que o animal silvestre de estimação aparente estar bem e feliz, eles são inadequados para um ambiente doméstico (mesmo aqueles nascidos em cativeiro). Diferente de cães e gatos, que passaram por um processo de domesticação de milhares de anos.
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Quais as consequências?
Nascidos em cativeiro ou capturados na natureza, eles não foram feitos para viverem em gaiolas. Dependendo da espécie, o animal precisa voar, correr e viver entre os da sua espécie.
Aliás, cada animal silvestre tem seu papel na natureza. No caso dos papagaios, eles são grandes semeadores de florestas e matas nativas. Ao comer as frutas, eles engolem as sementes e espalham elas através das fezes. Dessa maneira, eles ajudam a plantar novas árvores e a manter a floresta viva.
Além do colapso ambiental, esse mercado causa a extinção de animais. Das 38 milhões de espécies retiradas anualmente da natureza, cerca de 4 milhões são destinadas a demanda de animais silvestres e/ou exóticos de estimação. Movimentando assim, cerca de US$ 2,5 bilhões por ano.
Transporte precário
Infelizmente, o tráfico de animais cresce a cada dia em nosso país. Além de tirar o animal do seu habitat natural, o transporte é precário. Um estudo feito no México mostrou que de 77% a 80% dos chamados psitacídeos — como periquitos, papagaios e araras — morrem durante a coleta e/ou transporte. Portanto, ao pensar em comprar um animal, saiba a origem dele, pesquise, estude e se oriente sobre as leis. Não contribua com o tráfico.
A vida do animal
Fazer a escolha de levar um animal com tantas diferenças para dentro da sua casa requer muito tempo, espaço, comprometimento e dinheiro. Além disso, você estará privando esse animal de viver sua liberdade em seu habitat natural. O que pode causar muito sofrimento.
Sendo assim, quando pensar em ter um animal desse, pense na vida dele. Destiná-los a viver em um espaço super apertado e não compatível com seu lar natural pode causar traumas e estresse aos animais, já que não podem se esticar e fazer diversas outras coisas que poderiam se estivessem na natureza.
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